Atini

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ATINI - VOZ PELA VIDA


ATINI – VOZ PELA VIDA é uma organização sem fins lucrativos, sediada em Brasília – DF, reconhecida internacionalmente por sua atuação pioneira na defesa do direito das crianças indígenas. A Atini é formada por líderes indígenas, antropólogos, lingüistas, advogados, religiosos, políticos e educadores, e nutre profundo respeito pelas culturas indígenas.
Um pouco de história
Atini significa “voz” na língua suruwahá. Nosso movimento se inspirou na luta de uma mulher indígena, Muwaji Suruwahá, que levantou sua voz com coragem a favor de sua filha Iganani. A menina tem paralisia cerebral, e por isso estava condenada à morte por envenenamento em sua própria comunidade. Muwaji desafiou a tradição de seu povo e ainda a burocracia do mundo de fora para manter sua filha viva e garantir seu tratamento médico.
O caso de Muwaji alcançou repercussão nacional quando ela foi entrevistada pelo programa Fantástico, da Rede Globo, em outubro de 2005 – comovendo o país quando afirmou, em rede nacional, que seria capaz de renunciar à convivência com seu povo para garantir o tratamento médico de sua filha. Felizmente isso não foi necessário e hoje Iganani é paciente da Rede Sarah de Hospitais. Ela e sua mãe alternam períodos na aldeia suruwahá com períodos de reabilitação em Brasília.
Missão
Nossa missão é erradicar o infanticídio nas comunidades indígenas, promovendo a conscientização, fomentando a educação e providenciando apoio assistencial às crianças em situação de risco e àquelas sobreviventes de tentativas de infanticídio.
Valores
* Priorização da criança e defesa do seu direito inalienável à vida.
* Participação de indígenas em todas as etapas de planejamento e execução dos objetivos.
* Respeito e valorização da cultura e das práticas tradicionais indígenas, desde que em conformidade com os direitos humanos reconhecidos no âmbito nacional e internacional.
* Respeito e valorização da dignidade do indivíduo, sem discriminação de natureza alguma.
* Transparência na prestação de contas em todas as áreas de atuação.
Conheça abaixo as crianças atendidas pela ATINI e suas famílias.
A família de Amalé
Kamiru Kamaiurá salvou a vida do menino Amalé, que havia sido enterrado vivo em sua aldeia no Mato Grosso. Amalé sobreviveu, mas sofre de um tipo raro de anemia e é dependente de transfusões de sangue mensais. Kamiru procurou a ATINI no final de 2006, depois de viver por vários anos perambulando entre sua aldeia em mato Grosso, hospitais, e as casas de saúde indígenas de Brasília e de Canarana. Amalé vivia sofrendo internações constantes e estava muito debilitado. Kamiru queria um lugar onde pudesse residir com o Amalé por um período mais prolongado para que ela pudesse se dedicar aos cuidados de saúde que ele precisava. Na casa de saúde indígena ela não queria continuar porque não era um local adequado para eles morarem por tempo indefinido.
Amalé
Kamiru foi recebida na Casa da ATINI em fevereiro de 2007 e a vida de Amalé melhorou muito desde então. Hoje ele ainda é acompanhado pela equipe médica do Hospital de Apoio de Brasília, onde faz transfusão de sangue todo mês, mas nunca mais precisou ficar internado. Kamiru tem consciência que a doença de Amalé é incurável e que ele provavelmente vai ter que viver na cidade pelo resto da vida. Amalé é um menino muito esperto, adora estudar e chora quando precisa faltar aula para ir ao hospital. A história de Amalé foi contada na reportagem O garoto índio que foi enterrado vivo da Revista Isto é.
Kamiru cuida também de sua neta Kamila, que vive com ela em Brasília devido a problemas familiares na sua comunidade. Kamila tem 4 anos, é linda e inteligente, e sempre que pode visita a mãe na adeia.
A família de Iganani
Muwaji Suruwahá tem 31 anos de idade e vive fora de sua comunidade indígena desde 2005, quando decidiu procurar ajuda médica na cidade para sua filha Iganani, que nasceu com paralisia cerebral. Muwaji teve que escolher entre sacrificar a filha ou deixar sua comunidade – e decidiu pela vida de Iganani.
IgananiComo Muwaji é viúva, ela não tinha como deixar na aldeia seu filho Ahuhari , na época com 9 anos de idade. Além disso, Muwaji é responsável pela sua sobrinha Inikiru, que é órfã de pai e mãe e não tinha ninguém que cuidasse dela na aldeia. Inikiru é sobrevivente de infanticídio e faz acompanhamento psicoterapêutico para superar os traumas de sua história – três de seus irmãos foram vítimas de infanticídio e seus pais se suicidaram.
Muwaji e sua família vivem hoje em Brasília, sob os cuidados da ATINI, com conhecimento da FUNAI e da FUNASA. Iganani faz acompanhamento médico no Hospital da Rede Sarah. Ahuhari e Inikiru estudam na Escola Classe da Granja do Torto, que tem um excelente programa de inclusão social para crianças indígenas. Inikiru já está alfabetizada e Ahuhari foi indicado para participar de um programa especial para crianças super-dotadas, pois ele desenha divinamente bem.
Muwaji pretende retornar com sua família para a aldeia assim que Iganani conseguir aprender a andar. Enquanto isso, eles visitam seus parentes no Amazonas uma vez por ano.
Família de Kanhu Raka
Macau e seu sogro Kotok Kamaiurá procuraram a ATINI em 2007 para pedir ajuda. A pequena Kanhu Raka, filha de Macau, estava muito doente. Ela estava muito fraca, tinha perdido a capacidade de andar e vivia isolada da comunidade, reclusa numa câmara escura dentro da maloca comunal. Eles pediram que a ATINI providenciasse uma casa em Brasília para que Kanhu pudesse se tratar no Hospital Sarah.
Kanhu RakaEm agosto Macau e sua esposa Juruka mudaram-se para Brasília com suas outras crianças. Kanhu Raka não pode se tratar no Sarah, como desejava seu pai, mas hoje ela é paciente do Instituto Genoma, em São Paulo, que diagnosticou sua doença – distrofia muscular progressiva. Ela faz fisioterapia diariamente, toma medicamentos específicos, faz uso de cadeira de rodas e órteses, e viaja regularmente para São Paulo para acompanhamento no Genoma. A família gosta muito dela e quer permanecer junto com ela o máximo possível, pois sabem que a doença de Kanhu não tem cura e é progressiva.
Além da Kanhu, Macau e Juruka cuidam de suas outras duas filhas, Lila e Letícia, e do seu único filho homem, Kotok. Lila tem muita habilidade para dança e por conta disso ganhou uma bolsa de estudos na escola particular, onde é muito querida pelos professores e pelos coleguinhas.
Enquanto estão em Brasília, Macau é responsável também por seus sobrinhos Jawakatiru e Makaruti. São dois pré-adolescentes que viviam em Brasília há vários anos com seus pais, na Casa de Saúde Indígena, mantida pela FUNASA, .Toda a família morava nesta instituição por conta do irmãozinho mais novo, Gil, ser portador de síndrome de Down, e não poder retornar à área indígena.
Morando na CASAI, Jawakatiru e Makaruti ficavam expostos a todo tipo de doença, e não frequentavam escola há anos. Quando Macau se mudou para Brasília, decidiu cuidar dos sobrinhos para que eles tivessem uma vida mais digna e também oportunidade de estudar. Makaruti e Jawakatiru estudam na Escola Classe da Granja do Torto e vão voltar à aldeia quando seus pais, Apahu e Kapitalalu, que vivem ainda na CASAI, autorizarem.
A família de Mayutá
Paltu e Carol Kamaiurá são os pais do menino Mayutá, de 2 anos de idade. Mayutá tinha um irmão gêmeo que foi sacrificado logo após o parto, na aldeia Kamaiurá. Com a ajuda do pai, Paltu intercedeu para que pelo menos um dos filhos fosse poupado, por isso Mayutá sobreviveu. MayutáDepois deste acontecimento traumático para a família, Paltu decidiu sair da aldeia e se mudar para Brasília para continuar seus estudos.
Hoje Paltu faz mestrado em Linguística na UNB e mora em uma das casas da ATINI na Asa Norte. Paltu e Carol têm mais dois filhos – Tamanuá e um bebê, que são também atendidos pelo programa de apadrinhamento da ATINI. O drama de Paltu já foi relatado na Folha de São Paulo, na matéria Infanticídio põe em cheque respeito à tradiçao indígena .
Família da Hakani
Edson e Márcia Suzuki são linguistas e atuaram por muitos anos como missionários da JOCUM, desenvolvendo projetos sociais entre os povos da amazônia. Viveram com os suruwahá por muitos anos e desenvolveram profundos laços de amizade com o povo. No ano 2000 Bibi Suruwahá entregou a eles sua irmãzinha Hakani, em estado grave, profundamente desnutrida, e incapaz de andar e de falar. A menina já tinha 5 anos de idade, mas pesava apenas 7 quilos e media 69 centímetros. Os pais de Hakani haviam se suicidado e a menina quase foi enterrada viva por conta de sua deficiência. Seu irmãozinho Niawi, que apresentava os mesmos sintomas, havia sido enterrado vivo diante da comunidade.
Edson e Márcia Suzuki retiraram Hakani da área indígena com autorização da FUNASA e levaram-na para Porto velho, onde iniciou seu tratamento médico. O diagnóstico foi hipotireoidismo, raquitismo e desnutrição. Com tratamento médico adequado, muito amor e cuidados, Hakani começou a reagir. Em pouco tempo aprendeu a andar e falar, mas iria precisar de tratamento médico pelo resto da vida. Suzuki e Marcia deram entrada no processo de adoção no Juizado da Infância em Porto Velho e conseguiram a adoção legal de Hakani, que passou a se chamar Ana Hakani dos Santos Suzuki.
HakaniHoje a família vive em Brasíla – Hakani cursa a 4ª série no Colégio Leonardo Da Vinci e seus pais coordenam os trabalhos da ATINI. A história de Hakani foi relatada na matéria Crimes na floresta da revista Veja, e na matéria A segunda vida de Hakani do jornal Correio Braziliense.
Família Ticuna
Eli e Anita Ticuna se mudaram para Brasília na início de 2006, para trabalhar como colaboradores da ATINI. Antes disso eles viveram no Rio de Janeiro onde cursavam a faculdade e coordenavam um programa para jovens estudantes indígenas. Eli Ticuna é um líder indígena respeitado, vice-presidente do CONPLEI, e muito solicitado como palestrante em várias partes do Brasil.
TicunaHoje, vivendo em Brasíla, Eli está concluindo sua graduação em Administração de Empresas e Anita está cursando mestrado em Linguística na UNB. Eli e Anita têm 4 filhos, os gêmeos Josué e Caleb, Fred e Eli. São crianças inteligentes e fluentes tanto em português quanto em Ticuna. Josué atuou no documentário HAKANI, produzido por David Cunningham, no papel de Bibi, irmão da menina Hakani. Foi muito elogiado pelo seu talento e dedicação e foi até homenageado numa cerimônia promovida pela Comisão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

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